O governo federal iniciou, nesta segunda-feira (16), mais um mutirão de renegociação de dívidas, com o objetivo de auxiliar consumidores a regularizarem suas pendências financeiras. Esse pode ser um momento oportuno para quem busca quitar suas dívidas, mas é importante estar atento aos desafios que podem surgir, como os juros elevados e a falta de planejamento financeiro, que continuam a afetar o mercado de crédito.
De acordo com dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), 85% dos consumidores que estavam com o nome negativado em outubro eram reincidentes, ou seja, já haviam enfrentado dificuldades financeiras no ano anterior. O levantamento também revelou que o tempo médio de vencimento de uma dívida para outra é de apenas 75,5 dias (cerca de 2,5 meses).
Apesar de um cenário macroeconômico relativamente mais favorável, com a taxa de desemprego em queda, a inadimplência continua a ser uma preocupação. O endividamento total das famílias brasileiras atingiu 48% em setembro de 2024, um número ainda alto, apesar da leve redução em relação ao ano passado (48,1%). Esse nível de endividamento, somado ao ciclo de alta da taxa Selic, que atualmente está em 12,25% ao ano, pode agravar ainda mais a situação financeira de muitos brasileiros.
O Que Leva à Reincidência no Cadastro de Inadimplentes?
A principal razão para a reincidência nos cadastros de inadimplentes é a falta de organização financeira. Muitos consumidores não conseguem manter seus compromissos devido ao desequilíbrio entre o que ganham e o que gastam. A educadora financeira Aline Soaper explica que, frequentemente, as pessoas tentam sair da dívida contraindo novas, o que agrava o problema. Além disso, o tempo médio entre o vencimento de uma dívida e o seu pagamento é de apenas 75,5 dias, o que mostra que a recuperação do “nome limpo” é frequentemente temporária.
Como Evitar a Reincidência?
Para evitar voltar para o cadastro de negativação, especialistas recomendam algumas atitudes essenciais:
- Organização do Orçamento Familiar: O primeiro passo para quem quer quitar suas dívidas é revisar seus gastos, considerando não apenas despesas básicas, como aluguel e alimentação, mas também gastos com lazer e serviços. Saber exatamente quanto se recebe e o que se gasta ajuda a criar um planejamento mais eficaz.
- Renegociação de Dívidas Viáveis: Ao negociar suas pendências, é fundamental garantir que as parcelas sejam compatíveis com o orçamento familiar, sem comprometer despesas essenciais. Por exemplo, se a família tem uma receita mensal de R$ 5.000, com R$ 2.500 de gastos fixos, a renegociação deve prever parcelas menores que os R$ 2.500 restantes.
- Buscar Fontes de Renda Extra: Adicionar uma fonte extra de receita, como horas extras de trabalho ou vendas de produtos, pode ajudar a cobrir as dívidas e manter as finanças no azul.
- Evitar Novas Dívidas: Uma das principais armadilhas para quem tenta sair do vermelho é contrair novas dívidas para pagar as antigas. Evitar o uso excessivo do cartão de crédito e de linhas de crédito emergenciais, como o cheque especial e o rotativo do cartão, pode evitar que o problema se agrave.
- Conscientização Financeira: Para garantir que a renegociação seja bem-sucedida, é essencial ter uma visão clara da própria situação financeira. Saber exatamente o quanto se ganha, o que se gasta e o que se pode comprometer é crucial para evitar cair novamente no ciclo da inadimplência.
Além disso, procurar orientações em entidades de defesa do consumidor, como o Procon, pode oferecer alternativas para quem está inadimplente, assim como esclarecer dúvidas sobre as opções de pagamento.
Manter a organização financeira e ter cuidado ao renegociar dívidas são atitudes chave para garantir que a reentrada no cadastro de inadimplentes seja evitada e que a pessoa consiga realmente regularizar sua situação financeira de forma duradoura.
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