O dólar registrou nova alta nesta terça-feira (17), cotado a R$ 6,18, com a máxima do dia chegando a R$ 6,1880. Esse movimento ocorre após uma valorização expressiva da moeda norte-americana no dia anterior, quando atingiu o valor recorde de R$ 6,0942. O aumento está ligado à piora das expectativas do mercado financeiro sobre o pacote de cortes de gastos enviado pelo governo federal ao Congresso. O governo propõe economizar R$ 70 bilhões nos próximos dois anos, com a meta de atingir R$ 375 bilhões até 2030, como parte de um esforço para reduzir o déficit público e equilibrar as contas do governo.
Entretanto, o mercado mostra desconfiança sobre a eficácia do pacote, com receios de que as medidas propostas não sejam suficientes para controlar o avanço da dívida pública no longo prazo. Além disso, o governo precisaria enfrentar desafios significativos, como o controle de gastos em áreas que crescem rapidamente, como a Previdência e os benefícios reajustados pelo salário mínimo. O texto do pacote poderá ser analisado pela Câmara dos Deputados ainda nesta semana.
A alta do dólar também ocorre após a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil, que considerou a valorização da moeda um dos fatores que pressionam a inflação, justificando o aumento na taxa de juros. Na terça-feira, o Banco Central voltou a intervir no mercado de câmbio, realizando um leilão de venda de dólares, o que teve um efeito temporário de desacelerar a alta da moeda, mas o dólar voltou a subir em seguida.
Apesar do cenário negativo no mercado cambial, o principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa, registrou alta. No entanto, o impacto do aumento do dólar e a expectativa de novos aumentos na taxa Selic continuam a afetar o mercado. O Copom, na última reunião, elevou a Selic de 11,25% para 12,25% ao ano, com previsões de novos aumentos nos primeiros meses de 2025, chegando a 14,25% ao ano.
A ata do Copom revelou que a percepção negativa do mercado sobre o pacote fiscal proposto pelo governo tem afetado as expectativas de inflação e a taxa de câmbio, elevando o risco fiscal e a necessidade de uma política monetária mais restritiva.
Além disso, o governo federal está buscando garantir a aprovação do pacote de cortes de gastos no Congresso. Para isso, está preparando emendas parlamentares adicionais no valor de R$ 800 milhões, além dos R$ 7,6 bilhões já comprometidos com deputados e senadores até esta segunda-feira. O quadro fiscal do país continua sendo um dos principais pontos de atenção para os investidores, especialmente em um momento de grande incerteza econômica.
Em paralelo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que recebeu alta hospitalar após cirurgia de emergência. Durante o encontro, Haddad reiterou a importância de não permitir que o pacote de cortes perca força no Congresso, defendendo a necessidade de medidas eficazes para controlar a dívida pública. Além disso, discutiu detalhes da reforma tributária, que também está sendo analisada, com algumas alterações preocupando o presidente, especialmente em relação à tributação de bebidas açucaradas e armas.
Esse cenário de instabilidade econômica, aumento do dólar e a expectativa de mais ajustes na política monetária continuam a pressionar os mercados, trazendo desafios para o governo e para os investidores.
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