A recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic ao maior nível desde setembro de 2023 acendeu um sinal de alerta sobre o endividamento no Brasil. Com o aumento dos juros, especialistas preveem que o crédito se tornará mais caro e restrito, o que pode levar a um aumento nas taxas de inadimplência.
O cenário atual surge após um período de crescimento econômico favorável, impulsionado pelo aumento do consumo das famílias e pela boa performance do mercado de trabalho. No entanto, especialistas apontam que a persistência da inflação e o impacto do aumento da taxa de juros vão reduzir o poder de compra da população e afetar a capacidade de pagamento das dívidas.
Segundo Merula Borges, especialista em finanças da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), o consumo das famílias vai sofrer com o aumento das despesas essenciais, deixando menos espaço para novos gastos. “Com a inflação em alta e os juros elevados, muitas famílias vão encontrar dificuldades em manter suas dívidas em dia, o que pode resultar em mais inadimplência e acesso mais restrito ao crédito”, afirma a especialista.
Fernando Lamounier, educador financeiro, complementa que, com a Selic em alta, as parcelas de empréstimos podem aumentar, dificultando ainda mais o pagamento das dívidas. “Isso pode gerar um ciclo de endividamento crescente, afetando diretamente a recuperação econômica das famílias”, alerta Lamounier.
Embora a concessão de crédito tenha crescido nos últimos meses e a inadimplência não tenha aumentado drasticamente, a expectativa é de que 2025 seja um ano mais desafiador para os consumidores, com taxas de juros mais elevadas e condições de crédito mais rígidas.
Para se preparar para o impacto dessa realidade, especialistas recomendam que os consumidores revisem seus orçamentos e contratos de crédito. Caio Macedo, vice-presidente da Equifax Boa Vista, destaca a importância de entender como a alta da Selic pode afetar os pagamentos mensais, especialmente para quem tem empréstimos com taxas de juros variáveis. “Revisar o orçamento, entender o impacto da Selic sobre as parcelas e avaliar a real capacidade de pagamento são passos essenciais para evitar surpresas”, afirma Macedo.
Borges, da CNDL, também sugere que, se possível, os consumidores evitem se endividar ainda mais neste momento. “Se for necessário fazer um acordo, é fundamental que ele esteja dentro da realidade financeira da pessoa, para não comprometer recursos essenciais para o pagamento de contas básicas”, aconselha.
Além disso, o educador financeiro Lamounier separou algumas dicas importantes para quem busca reorganizar as finanças e evitar o endividamento excessivo:
- Faça um diagnóstico financeiro: Levante todas as suas contas e veja quais têm os juros mais elevados e as datas de vencimento mais próximas.
- Priorize o pagamento das dívidas: Foque nas dívidas com juros altos, como cartão de crédito e cheque especial, e tente negociar melhores condições com os credores.
- Crie um orçamento mensal: Planeje todos os seus gastos, dando prioridade ao essencial.
- Evite o uso excessivo do crédito: Sempre que possível, evite utilizar o cartão de crédito de forma impulsiva e procure quitar as faturas integralmente para evitar juros.
- Evite novos empréstimos: Não recorra a novos empréstimos ou financiamentos para cobrir dívidas antigas, pois isso pode aumentar ainda mais o seu endividamento.
Com a Selic em 13,25%, é essencial que os consumidores ajustem seus hábitos financeiros e estejam preparados para um cenário de crédito mais caro e com menos ofertas.
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