A Espanha está vivendo um momento de crescimento significativo, impulsionado principalmente pelo setor de turismo. Em 2024, o país recebeu um número recorde de 94 milhões de visitantes, posicionando-se como o segundo destino mais visitado do mundo, atrás apenas da França. Esse “boom” no turismo tem contribuído para um aumento no Produto Interno Bruto (PIB) de 3,2% no ano passado, superando economias como a da Alemanha, que enfrentou uma contração de 0,2%.
Segóvia, uma cidade histórica localizada no centro do país, exemplifica bem essa tendência. Turistas de diversas partes do mundo, especialmente da Europa, Ásia e América Latina, se reúnem ao redor de marcos como o famoso aqueduto romano da cidade, atraídos pela rica história, gastronomia e paisagens. Elena Mirón, uma guia local, comenta com otimismo sobre a recuperação do turismo após a pandemia de Covid-19, refletindo o otimismo de muitos profissionais do setor.
Apesar de ser o maior motor do crescimento espanhol, o turismo não é o único fator por trás desse bom desempenho econômico. O governo espanhol, liderado pelo ministro da Economia Carlos Cuerpo, tem se empenhado em equilibrar sua economia. Ele destaca a importância de setores como finanças, tecnologia e investimentos, além do turismo, para garantir a sustentabilidade do crescimento. O programa Next Generation EU, um fundo europeu de recuperação pós-pandemia, tem sido crucial, com a Espanha recebendo até 163 bilhões de euros até 2026.
O país também está aproveitando sua infraestrutura de energia renovável, que é a segunda maior da União Europeia, além de investir na produção de veículos elétricos. Esses investimentos são vistos como fundamentais para garantir um futuro mais sustentável e competitivo, especialmente no setor automotivo, onde a Espanha é o segundo maior produtor de veículos da Europa.
Entretanto, não são apenas boas notícias para a economia espanhola. O país enfrenta desafios, como a alta taxa de desemprego, que embora tenha diminuído para 10,6% em 2024, ainda é uma das mais altas da União Europeia. Além disso, a crescente dependência do turismo tem gerado protestos, com a população local se queixando dos impactos negativos do excesso de turistas em algumas regiões, como as Ilhas Canárias e Maiorca.
A dívida pública também continua a ser um problema, já que ultrapassa o PIB anual do país. A professora de economia María Jesús Valdemoros alerta que essa dívida é um desequilíbrio que precisa ser corrigido, não só por exigências fiscais da União Europeia, mas também para evitar instabilidade financeira no futuro.
Outro desafio significativo é a crise habitacional, com milhões de espanhóis enfrentando dificuldades para encontrar moradia acessível. Esses problemas, somados a um cenário político polarizado, tornam a governabilidade do país um desafio para o primeiro-ministro socialista, Pedro Sánchez, que precisa equilibrar o crescimento econômico com as demandas sociais e políticas.
Apesar dos obstáculos, a Espanha continua a ser uma das economias mais resilientes da Europa, com expectativas de continuar liderando o crescimento entre os grandes países do bloco. O equilíbrio entre o turismo, os investimentos em inovação e a modernização da economia será fundamental para garantir que o país mantenha sua trajetória positiva no futuro.
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