Tensão nas negociações de paz: Zelensky recusa acordo dos EUA

Tensão nas negociações de paz: Zelensky recusa acordo dos EUA

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou, em uma entrevista transmitida neste domingo (16), que rejeitou um acordo proposto pelos Estados Unidos, que buscava garantir acesso às riquezas minerais das chamadas “terras raras” ucranianas. Segundo Zelensky, as garantias de segurança solicitadas por Kiev não foram atendidas, o que comprometeria a eficácia do tratado econômico. “Sem as garantias de segurança dos Estados Unidos, acredito que o tratado não funcionará”, declarou ao canal NBC.

A proposta americana foi feita pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que busca acesso aos recursos minerais essenciais da Ucrânia como contrapartida à manutenção da ajuda financeira e militar contra a invasão russa. O objetivo de Trump é reduzir a dependência dos Estados Unidos de minerais chineses, com a ideia de garantir o fornecimento dessas matérias-primas essenciais para a indústria de tecnologia, armamentos e espaço. Zelensky, por sua vez, havia sinalizado a disposição de garantir o acesso desses recursos a países aliados, mas frisou que o momento não é favorável para esse tipo de acordo.

Durante a Conferência de Segurança de Munique, no sábado (15), Zelensky reafirmou sua posição, destacando que o acordo não atendia aos interesses da Ucrânia neste momento. “Eu não deixei os ministros assinarem um acordo relevante porque ele não está pronto para nos proteger”, disse, mencionando ainda a necessidade de formar um “Exército da Europa”. O presidente ucraniano revelou que está preparando uma “contraproposta” a ser entregue aos EUA, defendendo que qualquer acordo futuro deve garantir tanto segurança quanto recursos financeiros.

Reação dos EUA e Tensão com a Europa

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Brian Hughes, reagiu às críticas de Zelensky, afirmando que o presidente ucraniano tem uma visão limitada sobre a oportunidade oferecida pelos EUA. Segundo Hughes, o acordo permitiria que os contribuintes americanos recuperassem os fundos enviados à Ucrânia, além de impulsionar a economia ucraniana. Ele acrescentou que os laços econômicos com os Estados Unidos seriam a melhor garantia contra futuras agressões e essenciais para uma paz duradoura.

Enquanto isso, o crescente receio dos países europeus em relação à exclusão de sua participação nas negociações de paz tem gerado tensões. Na última semana, Trump surpreendeu seus aliados europeus ao iniciar discussões com o presidente russo, Vladimir Putin, sobre a invasão russa da Ucrânia. Além disso, a Casa Branca alertou a OTAN que a segurança europeia pode deixar de ser sua principal prioridade, com a atenção se voltando para a China.

Na última sexta-feira, a declaração do vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, na Conferência de Munique gerou insatisfação na Europa, sinalizando uma postura dura em relação às questões internas do continente. As tensões aumentaram ainda mais com os comentários do enviado especial de Trump para a Ucrânia, general Keith Kellogg, que sugeriu que as negociações poderiam ocorrer sem a participação dos europeus.

Europa Busca Retomar o Controle das Negociações

Em resposta ao posicionamento americano, a França convocou uma reunião de emergência em Paris para discutir os esforços dos EUA para resolver a guerra na Ucrânia. O governo francês sublinhou a necessidade de uma ação mais coesa e eficaz da Europa em relação à segurança coletiva. Líderes da Alemanha, Reino Unido, Itália, Polônia, Espanha, Holanda e Dinamarca foram convidados para discutir a situação ucraniana e a segurança na Europa.

Além disso, fontes informaram que os EUA entregaram um questionário aos líderes europeus sobre a possível contribuição militar para a aplicação de um acordo de paz na Ucrânia. No entanto, nenhuma nação europeia foi convidada para as negociações entre os russos e americanos que ocorrerão nos próximos dias na Arábia Saudita.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, minimizou as críticas da Europa, afirmando que o processo de paz ainda não está fechado e que um acordo não será definido em uma única reunião.

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