O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na última quarta-feira que “é possível” alcançar um novo acordo comercial com a China. Durante uma entrevista com jornalistas a bordo do Air Force One, Trump também expressou a expectativa de que o presidente chinês, Xi Jinping, visite os Estados Unidos, embora não tenha dado um cronograma para a viagem. “Teremos, no final das contas, presidente Xi e todos vindo [para os Estados Unidos]”, disse Trump ao comentar sobre possíveis visitas de outros líderes ao país.
O mercado observa atentamente qualquer conversa entre os dois presidentes, considerando que uma interação entre Trump e Xi pode resultar em uma flexibilização ou adiamento nas tarifas comerciais. A última visita de Xi Jinping aos Estados Unidos ocorreu em novembro de 2023, quando o presidente chinês participou de uma cúpula com o então presidente Joe Biden. Na ocasião, foram feitos acordos para retomar as comunicações militares e combater a produção de fentanil.
Em janeiro, Trump e Xi haviam discutido questões como o TikTok, o comércio e Taiwan, antes de Trump assumir o cargo. Mais recentemente, Trump também revelou estar em conversações com a China sobre o TikTok, à medida que os EUA tentam intermediar a venda do aplicativo, que pertence à empresa chinesa ByteDance. As relações entre Washington e Pequim têm sido tensas há anos, com desacordos que envolvem tarifas comerciais, segurança cibernética, Taiwan, Hong Kong, direitos humanos e as origens da Covid-19.
Tarifas e Medidas Comerciais de Trump
Desde o início de seu governo, Trump tem imposto uma série de tarifas a diversos parceiros comerciais dos Estados Unidos. Na última quarta-feira, ele anunciou que novas tarifas poderiam ser implementadas já no próximo mês, incluindo madeira e produtos florestais, além das tarifas já planejadas sobre carros importados, semicondutores e produtos farmacêuticos. Trump mencionou uma tarifa de 25% sobre madeira e produtos florestais, com a aplicação prevista para 2 de abril, coincidentemente quando também deverá ser anunciada uma tarifa de aproximadamente 25% sobre automóveis.
O objetivo das tarifas, segundo Trump, é combater déficits comerciais e questões relacionadas às fronteiras, como a travessia ilegal de migrantes e o tráfico de fentanil. O presidente também confirmou que tarifas adicionais serão impostas à União Europeia, embora ainda não tenha especificado os detalhes ou prazos para sua aplicação.
Enquanto as medidas tarifárias não foram concretizadas, elas geraram reflexos positivos nos mercados emergentes, incluindo o Brasil. No entanto, o aumento das tarifas de importação e a política anti-imigração de Trump podem causar um aumento da inflação nos EUA. A redução de impostos para beneficiar empresas norte-americanas também é vista como um risco para as finanças públicas do país.
Esses fatores podem dificultar o controle da inflação pelo Federal Reserve (Fed), que manterá as taxas de juros altas. A elevação das taxas pode alterar os fluxos de investimentos, favorecendo os títulos públicos americanos e o dólar. No Brasil, a fuga de capital e a valorização do dólar podem levar o Banco Central a aumentar a taxa Selic, prejudicando a atividade econômica. Além disso, uma desaceleração da economia chinesa, caso as tarifas contra a China sejam aumentadas, pode afetar ainda mais a economia brasileira. O Brasil também pode sofrer com o aumento da oferta de produtos chineses, que, com a diminuição das exportações para os EUA, buscarão outros mercados.
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