As altas temperaturas, que têm ultrapassado facilmente os 35º C em várias regiões do Brasil, têm gerado sérios desafios para os trabalhadores do campo. A combinação de ondas de calor e a falta de chuva no período de plantio têm causado prejuízos significativos nas lavouras, afetando diretamente a produção agrícola e pecuária.
Em Sidrolândia, na região central de Mato Grosso do Sul, uma fazenda que já está encerrando a colheita de soja viu a expectativa de produção cair drasticamente. De 60 sacas por hectare, o rendimento foi reduzido para 42, e agora, com a continuidade da seca, a colheita efetiva caiu para apenas 30 sacas por hectare. Jairo Reginato, gerente da fazenda, destaca o impacto do calor extremo e da escassez de chuva, afirmando: “Pouca chuva, muita pouca água, um calor muito grande, coisa que a gente nunca tinha visto há bastante tempo.”
O clima seco afetou mais de 2 milhões de hectares de soja em Mato Grosso do Sul, com metade da área plantada registrando problemas. Além disso, uma plantação de melancias foi duramente atingida pelo calor. As frutas, que deveriam estar prontas para colheita, estão totalmente danificadas e não podem mais ser consumidas. O produtor Geovane Ferreira Santos, que trabalha com a família, estima que perdeu cerca de 20 mil melancias.
A situação também é preocupante em Deodápolis, onde o casal Andréia e Eduardo, que produz morangos, enfrentou perdas consideráveis nos últimos três anos devido ao calor intenso. Eles agora estão investindo em novas estruturas, como uma cobertura refrigerada, para reduzir os danos causados pelas altas temperaturas, além de aumentar a irrigação.
Os efeitos do calor não afetam apenas as lavouras, mas também a pecuária. José Luiz Tavares Sebastião, pecuarista em Marília, interior de São Paulo, perdeu até 100 litros de leite por dia devido ao calor. A produção de leite caiu de 10% a 20%, e a fertilidade dos animais foi comprometida. A pelagem escura de seu gado, que absorve mais calor, contribui para o sofrimento dos animais, tornando-os mais suscetíveis a doenças.
O pesquisador de agrometeorologia da Embrapa, Éder Comunello, explica que temperaturas muito altas prejudicam os processos fisiológicos das plantas e animais, afetando sua produção e saúde. Com o aumento das ondas de calor no Brasil, a situação no campo se torna cada vez mais desafiadora.
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