Em entrevista à BBC, o psicólogo social e autor Jonathan Haidt, do livro A Geração Ansiosa, fala sobre os profundos efeitos que celulares e redes sociais têm causado na infância moderna — e como pais, escolas e governos podem agir para reverter esse quadro.
Segundo Haidt, as crianças foram reduzidas a meros consumidores de conteúdo digital. “Não conheço um membro da Geração Z que esteja em negação, que diga ‘nós adoramos os celulares, eles são bons pra gente’. Todos veem o que está acontecendo, mas se sentem presos”, afirmou o autor.
Desde o lançamento do livro em 2024, a discussão sobre o uso excessivo de telas se intensificou no mundo todo. Uma das soluções mais rapidamente adotadas foram as escolas livres de celulares, onde os estudantes entregam os aparelhos no início do dia e só os recuperam à noite. “Os relatos são positivos: menos conflitos, menos drama, mais pontualidade e até risos nos corredores”, relatou Haidt.
Apesar disso, o autor reconhece os paradoxos. Muitos pais, mesmo preocupados com os efeitos dos celulares, relutam em abrir mão do contato constante com os filhos — especialmente em sociedades marcadas pelo medo e pela superproteção, como nos EUA. Haidt destaca que esse comportamento começou nos anos 1990, quando a desconfiança coletiva cresceu e criar filhos deixou de ser um esforço comunitário.
Para Haidt, é urgente limitar o acesso das crianças a conteúdos digitais, especialmente os vídeos curtos e altamente viciantes, como os do TikTok. “As crianças precisam de experiências reais, de interação humana. Precisam desenvolver o cérebro de forma saudável durante a puberdade.”
Ele também ressalta que a desigualdade digital se inverteu: “Antes queríamos garantir acesso à tecnologia para as crianças mais pobres. Hoje, precisamos protegê-las da mesma forma que os pais ricos já fazem — reduzindo drasticamente o tempo de tela.”
O autor agora trabalha numa versão de A Geração Ansiosa voltada para crianças de 8 a 12 anos. A ideia é alertar: há empresas tentando fisgá-las. “Se vocês querem uma vida divertida e real, não deixem que essas empresas enganem vocês. Escolham outra infância.”








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