O Departamento de Estado dos Estados Unidos anunciou novas e severas sanções à Venezuela caso o regime de Nicolás Maduro se recuse a aceitar os voos de deportação de cidadãos venezuelanos, que, de acordo com Washington, fazem parte da gangue Tren de Aragua. A declaração foi feita pela porta-voz do órgão, Tammy Bruce, durante uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira (19). Bruce enfatizou que a Venezuela é obrigada a aceitar seus cidadãos repatriados e afirmou que, se o governo Maduro persistir na recusa, as sanções contra o país serão ainda mais severas.
“A Venezuela é obrigada a aceitar seus cidadãos repatriados dos Estados Unidos. Esta não é uma questão para debate ou negociação, nem merece qualquer recompensa. A menos que o regime de Maduro aceite um fluxo consistente de voos de deportação sem mais desculpas ou atrasos, os EUA imporão novas, severas e crescentes sanções”, disse Bruce.
A porta-voz também acusou Maduro de manter laços estreitos com narcoterroristas, especificamente com o grupo Tren de Aragua, que é acusado de extorsão, homicídios, tráfico de drogas e tráfico de migrantes. Segundo Bruce, a gangue estaria infiltrada no regime de Maduro.
A tensão escalou após o envio de mais de 200 membros da Tren de Aragua, deportados pelos Estados Unidos para El Salvador no fim de semana passado. O presidente salvadorenho, Nayib Bukele, compartilhou nas redes sociais a chegada desses deportados, que foram levados para uma prisão de segurança máxima, em um acordo que envolveu o pagamento de US$ 6 milhões pelo governo dos EUA para garantir que os venezuelanos fossem mantidos na prisão CECOT, em El Salvador. A operação gerou críticas de Maduro, que chamou a deportação de uma “humilhação” e acusou o governo Trump de violar os direitos humanos dos deportados.
Maduro, que também criticou o envolvimento de Bukele, descreveu os deportados como “jovens trabalhadores”, e pediu ao presidente de El Salvador para não se tornar cúmplice da “crueldade” que, segundo ele, estava sendo imposta aos migrantes.
A deportação dos membros da gangue foi facilitada pelo uso da “Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798”, que permite aos EUA deportar rapidamente indivíduos sem passar pelos tribunais de imigração. No entanto, um juiz federal em Washington, D.C., bloqueou temporariamente a aplicação dessa lei, alegando que ela só se aplica a atos hostis equivalentes à guerra. Apesar dessa ordem judicial, a deportação já estava em andamento, com Bukele confirmando o envio dos presos para El Salvador antes mesmo da decisão do juiz.
A “Lei de Inimigos Estrangeiros” foi criticada por grupos de direitos civis e por democratas, que consideram o seu uso uma violação dos direitos dos migrantes. Ela foi aplicada no passado, principalmente durante a Segunda Guerra Mundial, para justificar a internação forçada de pessoas de origem japonesa nos Estados Unidos. O governo Trump recorreu da decisão judicial, e a questão continuará sendo debatida nos tribunais.
Agora, o Departamento de Estado dos EUA promete impor sanções adicionais à Venezuela, caso Maduro continue a rejeitar as deportações. O governo americano deixou claro que a situação está longe de ser resolvida e que outras medidas serão tomadas em resposta à recusa do regime venezuelano em cooperar.
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