Iniciativa voluntária reúne empresários e instituições de ensino para agilizar transplantes em todo o país
Uma iniciativa inédita está unindo empresários e instituições de ensino para transformar a logística de transplantes no Brasil. O projeto TransplantAr Aviação Solidária conta com o apoio voluntário de donos de aeronaves particulares, que disponibilizam seus aviões para transportar equipes médicas e órgãos em situações emergenciais, garantindo mais agilidade e aumentando as chances de salvar vidas.
A proposta tem ganhado força em diversas regiões do país e, em setembro do ano passado, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), assinou um termo de parceria com o programa. O acordo foi firmado sem gerar custos aos cofres públicos.
Francisco Lyra, presidente do Instituto Brasileiro de Aviação (IBA) e idealizador do projeto, destaca que o tempo é o maior desafio quando se trata de transplantes. “Se a gente fizer uma captação que leva três ou quatro horas, o órgão já não serve mais para transplante. O tempo é fundamental”, afirmou.
Órgãos como coração e pulmões são especialmente sensíveis e exigem transporte rápido. Com a ajuda da aviação privada, o projeto TransplantAr busca encurtar distâncias e eliminar gargalos logísticos, garantindo que mais pacientes tenham acesso à vida por meio do transplante de órgãos.

Enquanto apenas 160 das 5.570 cidades brasileiras são atendidas pela aviação comercial, a aviação geral — formada por aeronaves particulares — alcança mais de 3.500 municípios, o que representa 51% do território nacional. “A frota da aviação comercial soma cerca de 620 aeronaves. Já a aviação particular conta com mais de 2.500. Ou seja, temos 18 vezes mais aviões disponíveis”, afirmou Lyra.
Segundo ele, se apenas 30% dos empresários com aviões baseados em São Paulo aceitarem participar da iniciativa, oferecendo apenas um voo por mês, o projeto poderá garantir até 17 mil horas de voo por ano exclusivamente voltadas ao transporte de órgãos.
“Empresários me agradecem por terem a oportunidade de ajudar. Já teve caso de dono de avião que, com a aeronave em manutenção, fretou um táxi aéreo por conta própria para nos apoiar”, contou emocionado.

Universidade e alunos engajados – Transplante de órgaõs
Uma das grandes parceiras do projeto é a Universidade Brasil, que não só cede suas aeronaves como também envolve seus alunos de aviação nos voos solidários. “A gente não mede esforços. Já fizemos voos às 3h da manhã. Os alunos e pilotos ficam emocionados de participar”, contou a reitora da universidade, Bárbara Costa.
Para ela, o projeto reforça o compromisso da universidade com a sociedade e a formação dos alunos: “Estamos aqui para fazer a diferença no mundo. A universidade não tem fronteiras, assim como a aviação. A educação serve para aproximar pessoas e melhorar a vida delas”.
Além de operar voos solidários, a instituição também estuda maneiras de aprimorar o transporte dos órgãos. “Temos pesquisadores que já pensam em desenvolver um novo tipo de caixa para esse transporte, mais adequado e seguro. Isso pode abrir novas oportunidades para todo o sistema de transplantes”, adiantou.

São José dos Campos: exemplo para o Brasil
A cidade de São José dos Campos, no interior paulista, já começa a colher os frutos do programa. Só em abril, dez vidas foram salvas no Hospital Regional graças a uma única captação feita. Em março, a cidade foi beneficiada pelo voo cedido pela Universidade Brasil, no transporte e o conseguente transplante de fígado, vindo de Catanduva (SP). O hospital regional, inclusive, foi premiado pela Unicamp como “Amigo do Transplante” por ter sido destaque em notificações de potenciais doadores no ano passado.
Para Lyra, o impacto dessa rede colaborativa é incalculável. “É gratificante ver cidades como São José dos Campos sendo beneficiadas. E tudo isso graças a pessoas e instituições que entenderam que podem salvar vidas com o que já têm.”
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Como participar do TransplantAR
Empresários interessados em contribuir com o Programa TransplantAR — iniciativa da aviação civil que apoia o transporte de órgãos para transplantes — podem entrar em contato diretamente com o Instituto Brasileiro de Aviação (IBA). Segundo Francisco Lyra, idealizador do projeto e presidente do IBA, a adesão é simples e pode transformar vidas. “Basta o empresário manifestar a vontade de participar. Nossa equipe fornece todas as orientações técnicas e operacionais necessárias. O avião não precisa ter configuração especial, já que não transportamos pacientes, apenas os profissionais da saúde e os equipamentos necessários para a captação”, explicou.
O IBA atua como articulador entre os empresários, as equipes médicas e os hospitais. Todo o processo é feito com segurança, agilidade e respaldo institucional. “Quem quiser colaborar pode acessar o site do IBA ou entrar em contato com a nossa equipe por e-mail ou telefone. O mais importante é saber que, ao doar um voo, o empresário está literalmente ajudando a salvar uma vida. É uma contribuição que vai muito além da filantropia — é um gesto concreto de cidadania e humanidade”, completou Lyra.
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