As retiradas de recursos das cadernetas de poupança no Brasil em 2024 foram menores do que no ano anterior, com a diferença entre retiradas e depósitos atingindo R$ 15,44 bilhões, conforme dados do Banco Central (BC). No total, os depósitos somaram R$ 4,17 trilhões, enquanto as retiradas chegaram a R$ 4,21 trilhões. Embora o saldo negativo tenha persistido, o valor das retiradas foi substancialmente inferior aos R$ 87,8 bilhões observados em 2023.
Esse desempenho mais ameno reflete um contexto econômico de recuperação, com queda do desemprego e crescimento robusto da atividade econômica. Em 2024, o estoque total de depósitos na poupança cresceu para R$ 1,03 trilhão, um aumento em relação aos R$ 983 bilhões registrados em dezembro de 2023, impulsionado pelos rendimentos das contas de poupança.
Cenário Econômico e os Impactos nas Retiradas da Poupança
O cenário de melhora econômica foi um fator importante para a desaceleração nas retiradas da poupança. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que a taxa de desemprego no Brasil caiu para 6,1% no trimestre encerrado em novembro, atingindo o menor patamar desde o início da série histórica da PNAD Contínua, em 2012. Além disso, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou um crescimento de 0,9% no terceiro trimestre de 2024, mantendo uma trajetória positiva por 13 trimestres consecutivos.
Embora a expectativa de crescimento para 2025 seja mais modesta, devido ao aumento dos gastos públicos e à alta do dólar, a economia brasileira se mostra relativamente resiliente. A projeção para o crescimento do PIB em 2024 é de 3,5%, com uma desaceleração para 2% em 2025, com analistas destacando que a renda fixa deve continuar sendo atraente devido ao cenário de juros elevados.
Rendimento da Poupança e a Competição com a Renda Fixa
A caderneta de poupança segue com rendimento limitado, especialmente com a taxa Selic em 12,25% ao ano. Quando a Selic ultrapassa 8,5%, como é o caso atualmente, a poupança rende 0,5% ao mês, mais a variação da taxa referencial (TR), que tem sido inferior à de outras alternativas de investimento. Como resultado, muitos investidores têm migrado para investimentos mais rentáveis em renda fixa, como Tesouro Direto, CDBs e CDIs, que têm apresentado melhores resultados no atual contexto de juros altos.
A XP Investimentos recomendou, em relatório para seus clientes, a compra de títulos públicos atrelados ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), com vencimentos intermediários, e também sugeriu a aquisição de títulos pós-fixados atrelados ao CDI. A alta dos juros, além de beneficiar a renda fixa, também tem gerado pressão sobre os mercados de ações, tornando os investimentos em renda variável menos atrativos no curto prazo.
Expectativas para o Mercado e a Renda Variável em 2025
O UBS, em análise divulgada em dezembro de 2024, projetou que o mercado de ações brasileiro continuará enfrentando desafios em 2025, devido à concorrência com os altos juros no país e ao desempenho excepcional das bolsas de valores dos Estados Unidos. A alocação em ações no Brasil deve seguir em níveis neutros, com o foco dos investidores voltado para a renda fixa, que promete continuar oferecendo bons retornos em um ambiente de juros elevados.
Com as expectativas de juros mais altos por um período prolongado, o cenário aponta para um movimento de migração de recursos para a renda fixa, em detrimento de investimentos em ações, que devem continuar enfrentando uma competição acirrada.
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