Horas após ser preso, o presidente afastado da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, fez sua primeira manifestação pública desde sua detenção, compartilhando uma carta escrita à mão em suas redes sociais. O presidente, detido na manhã de quarta-feira (15) — noite de terça-feira (14) no Brasil — se dirigiu ao povo sul-coreano, reafirmando sua posição sobre o decreto de lei marcial que provocou sua prisão.
Na carta, Yoon afirmou que “a lei marcial não é um crime”, explicando que se tratava de um exercício da autoridade presidencial necessário para superar uma crise nacional. Ele já havia argumentado, anteriormente, que o decreto de lei marcial, promulgado em dezembro, não constituía um crime, mesmo após o rápido afastamento da medida pelo Parlamento sul-coreano.
O presidente, que enfrenta uma investigação sobre acusações de insurreição, foi detido em uma operação de seis horas realizada por autoridades locais. Durante o interrogatório, Yoon permaneceu em silêncio, enquanto uma segunda sessão de questionamento estava em andamento. A prisão ocorre em meio a um clima tenso, com milhares de apoiadores tentando impedir sua detenção. Alguns simpatizantes formaram uma “corrente humana” em frente à residência do presidente afastado, mas a operação continuou.
Interrogatório e Prisão
Yoon foi detido no âmbito de uma investigação relacionada à imposição da lei marcial, que restringiu direitos civis e visou o fechamento da Assembleia Nacional — medida que não foi aceita pelos deputados. Em sua carta, Yoon disse ter refletido profundamente sobre sua situação desde que foi afastado do cargo e reconheceu, com ironia, que só após o impeachment ele começou a perceber seu papel como presidente.
Ele também se pronunciou sobre o processo de sua prisão, chamando os atos das autoridades de “ilegais”, mas afirmando que concordou em colaborar para evitar “derramamento de sangue”. Desde sua destituição, Yoon está sendo investigado por insurreição, e a Suprema Corte está analisando se ele deve ser removido do cargo de forma definitiva.
Próximos Passos e Condições de Detenção
Yoon permanece detido no Centro de Detenção de Seul, onde deverá ser mantido em uma cela solitária por até 48 horas, conforme o mandado de prisão. Durante esse período, ele será interrogado pelas autoridades sul-coreanas, que preparam um questionário com mais de 200 páginas sobre o caso. Após esse período, as autoridades decidirão se pedem um mandado de prisão adicional ou liberam o ex-presidente.
Contexto da Lei Marcial
O decreto de lei marcial foi uma tentativa de Yoon de enfrentar uma crise política, na qual o governo central e a Assembleia Nacional estavam em desacordo. Ao anunciar a medida, ele justificou a ação como necessária para proteger a “livre República da Coreia” contra ameaças externas, especialmente das forças comunistas da Coreia do Norte. No entanto, o decreto falhou e foi rejeitado pela Assembleia Nacional, o que contribuiu para a sua destituição e subsequente processo de impeachment.
Atualmente, a Coreia do Sul está sendo governada por um presidente interino, enquanto o futuro político de Yoon Suk Yeol permanece incerto em meio à crise política que envolve seu governo.
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