Os protestos em Bangladesh aumentaram significativamente, com o número de mortos atingindo 300 neste domingo, 4 de agosto de 2024, em um dos dias mais violentos desde o início das mobilizações. O movimento exige a renúncia da primeira-ministra Sheikh Hasina. Pelo menos 91 pessoas foram mortas e centenas ficaram feridas somente neste domingo, quando a polícia usou gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar dezenas de milhares de manifestantes.
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O governo declarou toque de recolher por tempo indeterminado em todo o país a partir das 18h locais deste domingo, a primeira vez que toma essa medida durante os protestos, que começaram em 1º de julho. Além disso, anunciou um feriado geral de três dias a partir desta segunda-feira, 5 de agosto.
A agitação, que levou o governo a fechar os serviços de internet, é o maior teste para Hasina desde janeiro, quando protestos mortais eclodiram após ela conquistar seu quarto mandato consecutivo em eleições boicotadas pelo Partido Nacionalista de Bangladesh, principal partido de oposição.
Motivações dos protestos
A principal motivação dos protestos é o sistema de cotas do governo, que estabelecia que um terço dos empregos governamentais seria reservado para parentes de veteranos da guerra de independência do país contra o Paquistão em 1971. Essa política foi abolida em 2018 pelo governo de Sheikh Hasina, mas foi restabelecida em junho deste ano. Isso deu início aos protestos, inicialmente pacíficos e liderados por estudantes universitários, que consideram o sistema discriminatório e pedem um recrutamento baseado no mérito.
Embora Bangladesh esteja entre as economias que mais crescem no mundo, especialistas apontam que esse crescimento não se refletiu no aumento de vagas de emprego para os formandos universitários. O crescimento do país foi impulsionado pela exportação de roupas prontas, mas foi afetado pela pandemia e diminuiu nos últimos anos, segundo análise do The New York Times, o que também impactou o ritmo de criação de empregos. Atualmente, estima-se que cerca de 18 milhões de jovens bengaleses estejam procurando emprego, e nem mesmo um diploma garante uma oportunidade de trabalho.
Escalada dos protestos
Os protestos começaram em 1º de julho com bloqueios de estradas e ferrovias, mas logo se transformaram em um movimento de descontentamento nacional.
Pessoas participam de um protesto contra a primeira-ministra Sheikh Hasina e seu governo, exigindo justiça para as vítimas mortas nos recentes confrontos em todo o país, em Dhaka, Bangladesh, no sábado, 3 de agosto de 2024. (AP Foto/Rajib Dhar)
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