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Alta no Preço da Carne: Fatores que explicam o aumento após queda de 18 Meses

Alta no Preço da Carne: Fatores que explicam o aumento após queda de 18 Meses

Após um ano e meio de queda nos preços das carnes, o Brasil viu os preços da proteína bovina voltarem a subir em setembro e outubro deste ano. Entre os fatores que explicam esse aumento, estão o ciclo da pecuária, o clima, a alta nas exportações e a recuperação da renda da população.

Nos 12 meses encerrados em outubro, o aumento nas carnes foi de 8%, com destaque para cortes populares como patinho (11,5%), acém (10%) e contrafilé (9%), de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para entender as razões por trás dessa alta, especialistas apontam quatro principais fatores:

1. Ciclo Pecuário: A Oferta de Bovinos Começa a Cair

A dinâmica do ciclo pecuário tem grande influência nos preços da carne bovina. De acordo com Felippe Serigati, coordenador do mestrado profissional em Agronegócios da FGV, quando as expectativas de preços do bezerro aumentam, os pecuaristas tendem a reter as fêmeas para reprodução, ao invés de abater os animais. Esse movimento resulta em uma oferta restrita de bovinos, o que impulsiona os preços.

Nos últimos dois anos, houve um grande número de abates no Brasil, mas o ciclo parece estar mudando. “Nos últimos dias, temos visto que a oferta de animais está diminuindo”, explica o economista Allan Maia, da consultoria Safras & Mercado. Como consequência, o preço do bezerro já subiu cerca de 22% entre julho e novembro deste ano.

Com menos disponibilidade de animais, espera-se que a produção de carne diminua nos próximos anos. Para 2025, Serigati prevê que os preços da carne bovina tendem a ser mais pressionados. Além disso, o tempo necessário para que um bezerro se torne boi gordo (pronto para abate) significa que a alta nos preços poderá se estender até 2026.

2. Clima e Menor Produção de Pasto

A seca severa e as queimadas que atingiram o Brasil no segundo semestre de 2023 também são responsáveis pela escassez de pasto, o principal alimento do gado. Entre junho e setembro, período de menor chuva e luz solar, a produção de pastagem foi afetada, reduzindo a oferta de boi gordo para abate.

Devido ao cenário adverso, muitos pecuaristas decidiram não investir no confinamento do gado, uma prática que ajuda a engordar os animais de forma mais eficiente, mas que se tornou mais cara devido à baixa nos preços do boi gordo no primeiro semestre do ano.

3. Exportações em Alta: Impacto da Demanda Externa

Enquanto a produção interna diminui, a demanda externa por carne bovina tem batido recordes. O Brasil, maior exportador mundial da proteína, registrou em outubro o maior volume de carne bovina exportada para o mês, com 301.166 toneladas, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).

“Os fornecedores de carne bovina de outros países, como Austrália, Estados Unidos e Argentina, estão com rebanhos menores e não conseguem atender à demanda externa”, explica Serigati. Com a exportação em alta, a quantidade de carne disponível no mercado interno diminui, o que contribui para o aumento dos preços no Brasil.

Este fenômeno é mais visível nas regiões do Sudeste, onde a carne bovina teve uma alta de 9,1% em setembro, em comparação com o mesmo mês do ano passado. No Norte, onde a maior parte da produção é voltada para o consumo interno, o preço caiu 0,4%.

4. Recuperação da Renda e Demanda Interna

Além dos fatores de oferta e demanda externa, a recuperação econômica do Brasil também tem impacto nos preços da carne. O desemprego está em queda, e o aumento do salário mínimo e outros benefícios sociais impulsionaram a renda das famílias.

Com mais dinheiro no bolso, os brasileiros estão voltando a consumir mais carne bovina, especialmente em um período de festas, como o final de ano, quando há uma maior demanda por cortes especiais. O pagamento do 13º salário e as bonificações também ajudam a manter os preços elevados. “O brasileiro tem o ‘bifão’ como preferência nacional, e quando tem dinheiro, opta por consumir carne bovina”, afirma Serigati.

Expectativas para o Futuro: Preços Tendem a Permanecer Elevados Com a escassez de animais, o impacto das condições climáticas e a forte demanda externa, a alta nos preços da carne bovina pode se prolongar até 2026, quando a oferta de bezerros aumentará gradualmente. Portanto, é provável que os preços continuem pressionados por algum tempo, refletindo uma combinação de fatores internos e externos que afetam diretamente o mercado.

O aumento nos preços das carnes nos últimos meses é um reflexo de um conjunto de fatores econômicos e climáticos que ainda terão impacto nas próximas safras e anos. O consumidor, especialmente nas grandes regiões do Brasil, terá que lidar com o aumento da proteína nos próximos meses, enquanto os produtores se adaptam às novas condições do mercado.

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