Ahmed al-Sharaa, líder do grupo rebelde Hayat Tahrir al-Sham (HTS), afirmou que a organização de novas eleições na Síria pode levar até quatro anos, após a queda do ditador Bashar al-Assad, em uma entrevista ao canal de televisão saudita Al Arabiya neste domingo (29). De acordo com ele, o processo eleitoral será um desafio longo e a reescrita da constituição do país deve levar entre dois e três anos.
Sharaa, que antes era conhecido como Abu Mohammed al-Golani, liderou a ofensiva que culminou na queda de Assad e no fim da guerra civil que devastou o país por 13 anos. Contudo, a vitória do HTS deixou várias questões em aberto sobre o futuro da Síria, um país multiétnico, com grandes interesses de potências estrangeiras como Turquia e Rússia.
Embora o fim do regime de Assad tenha sido amplamente comemorado no Ocidente, ainda não está claro qual direção o novo governo tomará. Sharaa afirmou que o HTS será dissolvido em uma conferência de diálogo nacional, destacando que “um país não pode ser governado pela mentalidade de grupos e milícias”. O HTS, que anteriormente foi afiliado ao Estado Islâmico e à Al-Qaeda, agora se posiciona como uma força mais moderada e dissociada desses grupos.
Sharaa também garantiu que os direitos das minorias serão protegidos e alertou contra tentativas de incitar conflitos sectários, uma preocupação recorrente entre aqueles que temem um governo islâmico rigoroso. O líder rebelde prometeu um processo inclusivo, com ampla participação da sociedade síria, e mencionou que questões como a dissolução do parlamento e da constituição seriam discutidas.
No que diz respeito ao nordeste da Síria, Sharaa afirmou que o HTS está em conversações com todas as partes envolvidas, incluindo as Forças Democráticas Sírias Curdas (SDF), para resolver as disputas regionais. Ele também rejeitou que a Síria se tornasse um refúgio para o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) realizar ataques contra a Turquia.
Por fim, Sharaa destacou que as armas no país devem estar sob o controle do Estado e afirmou que o Ministério da Defesa acolheria aqueles que desejassem se juntar ao Exército, deixando claro que o controle da violência e das forças armadas será central para a estabilidade futura da Síria.
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