Brasileiros são vítimas de escravidão e tráfico humano em Mianmar.

Brasileiros são vítimas de escravidão e tráfico humano em Mianmar.

Phelipe Ferreira e Luckas Santos, dois brasileiros residentes em São Paulo, aceitaram falsas promessas de emprego que os levaram a se tornar vítimas de tráfico humano no Sudeste Asiático. Eles foram escravizados por uma máfia cibernética que os forçou a aplicar golpes financeiros, sendo severamente punidos caso não cumprissem as exigências. A história deles revela os horrores da escravidão moderna, com torturas, ameaças e um sofrimento constante enquanto aguardam o retorno ao Brasil.

Em novembro de 2024, Phelipe de Moura Ferreira foi atraído por uma falsa oferta de emprego e, junto com Luckas, foi levado a Mianmar, onde foi forçado a aplicar golpes em outros brasileiros, se passando por uma falsa modelo chinesa pedindo ajuda financeira. A rotina de trabalho envolvia longas horas, entre 16 a 22 por dia, sob vigilância constante. Caso falhassem em atingir a meta de golpes, enfrentavam punições físicas, incluindo eletrochoques e espancamentos. Phelipe contou em entrevista ao g1 sobre a humilhação diária e os tormentos físicos que sofreu: “Eu recebi punições de agachamentos, fiz 500 agachamentos e quase não conseguia andar.”

Ambos os jovens, monitorados de perto, estavam em um local conhecido como “KK Park”, uma verdadeira “fábrica de golpes online”, onde criminosos recrutavam imigrantes para realizar fraudes digitais. Além de se passarem por falsos representantes de plataformas de apostas, eles eram forçados a enganar pessoas de diferentes países, muitos dos quais estavam mais vulneráveis ao golpe.

Em um dos momentos mais dramáticos de sua jornada, Phelipe e Luckas conseguiram se comunicar e combinar uma fuga, algo arriscado devido à vigilância e à repressão brutal dos criminosos. Depois de três tentativas frustradas, a fuga finalmente aconteceu em fevereiro de 2025. Apesar de serem capturados por um grupo rebelde, eles foram libertados por agentes do Exército Democrático Karen Budista (DKBA) e levados à Tailândia, onde aguardam o repatriamento.

A tragédia que atingiu Luckas e Phelipe é um alerta para os brasileiros que buscam trabalho no exterior. Phelipe compartilhou sua dor: “Eu vim para cá com um sonho, e ele foi destruído. A minha recomendação é: pesquise bem sobre a empresa e o lugar onde você vai trabalhar, porque o que aconteceu comigo pode acontecer com qualquer um.”

Por fim, graças ao apoio da ONG Exodus Road e da ação das autoridades, Phelipe e Luckas estão agora em segurança e aguardam o processo de repatriação. A história deles serve como um lembrete sombrio sobre os perigos do tráfico humano, especialmente nas promessas de empregos no Sudeste Asiático, onde as condições de trabalho são precárias e os riscos são reais.

Linha do Tempo dos Acontecimentos:

  • Outubro de 2024: Luckas Viana recebe uma oferta de emprego falsa para trabalhar em um cassino nas Filipinas, mas, após o fechamento do cassino, ele é atraído para Mianmar com uma promessa de emprego em tecnologia.
  • Novembro de 2024: Phelipe de Moura Ferreira é atraído para Mianmar com uma proposta similar.
  • Dezembro de 2024: Ambas as famílias tentam desesperadamente resgatar seus filhos, mas as autoridades ainda não tomaram medidas significativas.
  • Janeiro de 2025: A ONG Exodus Road ajuda a localizar os dois brasileiros, e negociações para a liberação são iniciadas.
  • 8 de fevereiro de 2025: Após várias tentativas, Phelipe e Luckas finalmente conseguem fugir com outros reféns.
  • 9 de fevereiro de 2025: Eles são resgatados por forças rebeldes e levados à Tailândia.
  • 12 de fevereiro de 2025: Phelipe e Luckas entram em contato com suas famílias, e estão em um centro de detenção aguardando repatriação.
  • 15 de fevereiro de 2025: A embaixada brasileira organiza a retirada dos brasileiros da Tailândia para o Brasil.

A história de Luckas e Phelipe é um exemplo do pesadelo do tráfico humano, mas também uma vitória da resistência, da ajuda de ONGs e do apoio das famílias que nunca desistiram de lutar pela liberdade deles.

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