Estudo realizado pela Fiocruz Brasília e o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP, a pedido da organização ACT Promoção da Saúde, revelou que o consumo de alimentos ultraprocessados gera um custo anual de R$ 10,4 bilhões à saúde e à economia do Brasil. Esse montante inclui os gastos com o Sistema Único de Saúde (SUS), os custos previdenciários, e as perdas econômicas relacionadas a mortes prematuras, muitas delas associadas a doenças como hipertensão, obesidade e diabetes tipo 2, que são frequentemente agravadas pelo consumo desses alimentos.
Os custos totais são distribuídos da seguinte forma:
- R$ 9,2 bilhões anuais com perdas econômicas devido a mortes prematuras, que representam a saída de pessoas em idade produtiva do mercado de trabalho.
- R$ 933,5 milhões anuais são gastos com o tratamento dessas condições no SUS, incluindo atendimentos hospitalares, ambulatoriais e programas como o Farmácia Popular.
- R$ 263,2 milhões anuais referem-se aos custos previdenciários relacionados a aposentadorias precoces, licenças médicas e absenteísmo no trabalho.
Impacto das Mortes Prematuras
A pesquisa também detalhou os custos associados à mortalidade prematura, com 71,7% (R$ 6,6 bilhões) dos custos sendo atribuídos aos homens e 28,3% (R$ 2,6 bilhões) às mulheres. Em 2019, aproximadamente 57 mil mortes no Brasil foram atribuídas ao consumo de alimentos ultraprocessados, representando 10,5% do total de óbitos no país. Entre os estados, a proporção de mortes por ultraprocessados foi superior à média nacional em sete unidades federativas, destacando-se o Rio Grande do Sul (13%), Santa Catarina (12,5%) e São Paulo (12,3%).
Políticas Públicas Urgentes
O estudo aponta a necessidade urgente de políticas públicas para combater o consumo de ultraprocessados, como a implementação de uma tributação mais eficaz, a reforma tributária, melhorias na rotulagem nutricional e a regulação do marketing desses produtos. Eduardo Nilson, pesquisador responsável pela pesquisa, destacou que esses custos são apenas uma parte do impacto total, já que o estudo não incluiu todas as doenças relacionadas a esses alimentos nem considerou gastos em saúde suplementar ou na atenção primária.
Ingredientes Nocivos e Aditivos nos Ultraprocessados
Outro estudo, realizado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e USP, revelou que 98% dos ultraprocessados no Brasil contêm ingredientes nocivos à saúde. Entre os alimentos analisados, que incluem refrigerantes, salgadinhos, pães industrializados e biscoitos, 97,1% possuem quantidades excessivas de sódio, gorduras e açúcares livres. Além disso, 82,1% desses produtos contêm aditivos cosméticos, como corantes e emulsificantes, que podem ter efeitos adversos à saúde, como alergias, distúrbios de atenção e até câncer.
A pesquisa alerta para os riscos associados ao consumo excessivo de ultraprocessados e a necessidade de uma abordagem mais rigorosa para reduzir a carga epidemiológica e econômica gerada por esses alimentos. A combinação de ingredientes críticos e aditivos em alimentos ultraprocessados representa um problema de saúde pública crescente no Brasil.
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